sábado, 27 de novembro de 2010
Nira e Mururé
quarta-feira, 23 de junho de 2010
BARQUINHO DE PAPEL
terça-feira, 9 de março de 2010
SOURE EM MEMÓRIA
segunda-feira, 8 de março de 2010
PROSA EM RIMA
Sonhos Rosa
Em cima da mesa
Como bailarina
Uma boneca de menina
Sonhos rosa, sonhos anis
Olhando o tempo
Não tem pressa
Pois sabe que como boneca
Não envelhece
Apenas a menina
Sua companheira cresce
A menina cresce
O tempo a envelhece
E sem perceber adormece
No seu lugar outra menina cresce
Sonhos rosa, sonhos anis
Confidente a boneca se envaidece
Por saber que um dia
Sua amiguinha não fará mais a prece
Somente ela eterna será
Boneca não envelhece!
Soure Mulher
O inverno chegou!
Embora traga consigo a melancolia de um tempo mórbido sem o brilho do sol me faz bem!
Na Ilha é tempo de bonança, de muitas frutas, peixes, mariscos que enchem a mesa do homem ribeirinho.... A grama das ruas está verdinha e viçosa e as mangueiras com suas copas a balançar no ritmo do vento, que ora é como brisa suave, hora é como uma tormenta indomável.
As ruas molhadas encharcam meus pés que sem pressa rumam sem direção. Para onde vou? Vem a pergunta em meio a tantos rostos de mulheres que por mim passam e me olham com um brilho nos olhos, de esperança, da índia que em meio à evolução da civilização grita por elas, ou da negra que livre das algemas de seu senhoril luta para que estas mesmas mulheres um dia possam liberta-se da caverna e ver que mesmo no inverno há luz.
Eu, india, negra, branca.... sou mulher e parideira...
Porque todos os anos, vejo com lagrimas nos olhos meus filhos partir, são meus, porque do meu ventre, nasceram os ventres que os conceberam dando-lhes vida.
Mas a utopia de ascender socialmente, arranca de minhas entranhas meu próprio ser. Resta-me a dor de ser mãe parideira que ao conceber mais um ente, tem a certeza que será mais um a migrar.
O titulo que recebo de Soure mulher, retrata minha condição reprodutora de tantos que partiram e não mais voltaram. Uns dão glórias as mães que os adotaram, os acolheram. Outros tornam-se miseráveis porque encontram braços que os empurram ao declínio da disputa cruel em ocupar espaços. Adoção não significa acolher é o que pensa esta Soure mulher.
A acolhida abre os braços para receber, aninhar e dar abrigo ao viajante cansado que pede pouso, alimento e água para saciar a sua sede, elementos esses essenciais a vida. Mas quem necessita deles, precisa ser provido de vida digna. E nem sempre quem adota está receptiva para a acolhida.
Eu mãe parideira espero meus filhos, olho o horizonte na esperança de encontra um dia um sinal que me faça sorrir.
Quero com as índias mundi, com as negras da áfrica e com as tantas brancas que nos proveram dessa motriz étnica, um dia feliz e sorrir.
Ser mãe sim, parideira não. Não suportarei por mais tempo exportar tantos filhos dos ventres que nos ventres gerei. Essa é minha esperança de não ser a parideira que põe filho no mundo para dar a outrem. Quero acolher a todos que em meu ventre cresce e de mim nasce..... Chorar sim, a felicidade de tê-los perto de mim.
Ivone Maués
Índia Mundi