terça-feira, 9 de março de 2010

SOURE EM MEMÓRIA



Você sabia que a cidade de Soure - Ilha de Marajó é homonima de uma Vila do Distrito de Coimbra em Portugal. Na Bahia há também uma cidade com o mesmo nome. O primeiro nome que Soure recebeu foi de Monforte, era um povoado, depois de freguesia de Menino Deus e em em 1757 foi elevada a de Vila de Soure, vindo a passar a condição de municipio só em 1858 quando o Conselho da Provincia do Pará determinou a Câmara de Monsarás que marcasse a eleição para a nova Câmara de Soure. E em 20 de janeiro de 1859 foi feita a instalação do municipio de Soure. Seu fundador foi Francisco Xavier de Mendonça Furtado (irmão de Marquês de Pombal). Sua área é de 3.512 km2, com uma população de 22.459,000 Habitantes. Soure se originou de aldeias de indios Maruanazes e Mundis pertencentes a tribo dos Aruãs.


Fica a margem esquerda do Rio Paracauary. É considerada um santuario ecológico, tem como simbolo o bufalo, tem uma beleza natural que se confude entre o urbano e o rural. Possui uma variedade de frutas tipicas da região Amazônica. Hoje pertence ao território da Cidadania instituido pelo governo federal. Sua Bandeira foi criada por uma mulher, a primeira vereadora eleita em Soure (Miriam Barbosa) e representa o que temos de riqueza.


No próximo número falaremos da cultura local e da culinária.


Ivone Maués


segunda-feira, 8 de março de 2010

PROSA EM RIMA


Sonhos Rosa

Em cima da mesa

Como bailarina

Uma boneca de menina

Sonhos rosa, sonhos anis

Olhando o tempo

Não tem pressa

Pois sabe que como boneca

Não envelhece

Apenas a menina

Sua companheira cresce

A menina cresce

O tempo a envelhece

E sem perceber adormece

No seu lugar outra menina cresce

Sonhos rosa, sonhos anis

Confidente a boneca se envaidece

Por saber que um dia

Sua amiguinha não fará mais a prece

Somente ela eterna será

Boneca não envelhece!

Para Karem e Karina - eternas meninas

Ivone Maués

Contando Prosa em Versos

Soure Mulher

O inverno chegou!

Embora traga consigo a melancolia de um tempo mórbido sem o brilho do sol me faz bem!

Na Ilha é tempo de bonança, de muitas frutas, peixes, mariscos que enchem a mesa do homem ribeirinho.... A grama das ruas está verdinha e viçosa e as mangueiras com suas copas a balançar no ritmo do vento, que ora é como brisa suave, hora é como uma tormenta indomável.

As ruas molhadas encharcam meus pés que sem pressa rumam sem direção. Para onde vou? Vem a pergunta em meio a tantos rostos de mulheres que por mim passam e me olham com um brilho nos olhos, de esperança, da índia que em meio à evolução da civilização grita por elas, ou da negra que livre das algemas de seu senhoril luta para que estas mesmas mulheres um dia possam liberta-se da caverna e ver que mesmo no inverno há luz.

Eu, india, negra, branca.... sou mulher e parideira...

Porque todos os anos, vejo com lagrimas nos olhos meus filhos partir, são meus, porque do meu ventre, nasceram os ventres que os conceberam dando-lhes vida.

Mas a utopia de ascender socialmente, arranca de minhas entranhas meu próprio ser. Resta-me a dor de ser mãe parideira que ao conceber mais um ente, tem a certeza que será mais um a migrar.

O titulo que recebo de Soure mulher, retrata minha condição reprodutora de tantos que partiram e não mais voltaram. Uns dão glórias as mães que os adotaram, os acolheram. Outros tornam-se miseráveis porque encontram braços que os empurram ao declínio da disputa cruel em ocupar espaços. Adoção não significa acolher é o que pensa esta Soure mulher.

A acolhida abre os braços para receber, aninhar e dar abrigo ao viajante cansado que pede pouso, alimento e água para saciar a sua sede, elementos esses essenciais a vida. Mas quem necessita deles, precisa ser provido de vida digna. E nem sempre quem adota está receptiva para a acolhida.

Eu mãe parideira espero meus filhos, olho o horizonte na esperança de encontra um dia um sinal que me faça sorrir.

Quero com as índias mundi, com as negras da áfrica e com as tantas brancas que nos proveram dessa motriz étnica, um dia feliz e sorrir.

Ser mãe sim, parideira não. Não suportarei por mais tempo exportar tantos filhos dos ventres que nos ventres gerei. Essa é minha esperança de não ser a parideira que põe filho no mundo para dar a outrem. Quero acolher a todos que em meu ventre cresce e de mim nasce..... Chorar sim, a felicidade de tê-los perto de mim.

Ivone Maués

Índia Mundi