Existe no Marajó
No rio Paracauary
Uma história intrigante
Que de medo nos faz rir
De um toco tão valente
Que vem do lago Arari.
Este toco minha gente
É uma tora teimosa
Que entra e sai do rio
Balançando todo prosa
Indo contra a maré
Não respeitou nem seu Rosa.
Seu Rosa um grande vaqueiro
Dos campos verdes e secos
Tomba boi no matagal
Amarrando no arreio
Não tem pena de garrote
Pois vive do pastoreio.
Certo dia em sua canoa
Quando a maré era vazante
Viu um toco que passava
As beiradas do barranco
Com uma laçada só
Deu uma amarrada certante.
Quis puxar o tronco forte
Com sua força brutal
Amarrando na canoa
Bem no meio do canal
Como o toco era valente
Afundou a pequena nau.
Por sorte o homem escapou
Foi salvo por seus amigos
Teve febre alucinação
Gritava com dor no umbigo
Dizia a todos que o ouviam
O toco tem parte com inimigo.
Foram chamar o pajé
Para seu Rosa benzer
Trouxeram cachaça e ervas
Para a cura proceder
Invocando os caboclos
Para o vaqueiro reviver.
O pajé com sua reza
Fez seu Rosa levantar
Deu-lhe banho de urtiga
Pião e mucura caá
Tirou o vaqueiro da cova
Mandou ele passear.
Outros fatos sucederam
A quem quis o toco pegar
Uns morreram outros piraram
Mas não conseguiram domar
O ser estranho e misterioso
Das beiras do quebra mar.
Até hoje no inverno
Outras vezes no verão
O toco passa faceiro
Segue em frente sua missão
Navegando contra as águas
Dessa ilha em imensidão.
Não tomem banho no rio
Quando o toco passar
Ele é um encantado
Que veio pra mundiar
Quem acha que ele é pau
E tenta o bicho laçar
Saibam todos minha gente
Que o toco é morto não
É um caboclo arretado
Dos lençóis do Maranhão
Que teve como castigo
Navegar em nossa região
Por isso como revanche
Desta sua obrigação
Quando a vem a nossa Soure
Sempre afunda uma embarcação
Seja festa de Santo Antonio
São Pedro ou São João.
Esta é mais uma história
Dos campos do Marajó
Que traduz o nosso povo
Do cabloco ao major
Contada por nossos mestres
E também por nossos avós.
Ivone Maués
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